O dia 1º de maio de 1994 jamais sairá da memória do brasileiro. Há exatos 30 anos, o país perdeu um de seus maiores ídolos, Ayrton Senna da Silva. Maior ídolo brasileiro do automobilismo, nasceu em São Paulo, no dia 21 de março de 1960, e morreu de maneira trágica em 1º de maio de 1994, após colidir com uma mureta de proteção no Grande Prêmio de San Marino, em Ímola. Seu velório foi um dos mais marcantes da história do Brasil, durou cerca de 22 horas e foi acompanhado por aproximadamente 240 mil pessoas. Após brilhar no Kart e em corridas da Fórmulas Ford e 3, o caminho natural do brasileiro era chegar a Fórmula 1, principal categoria do automobilismo mundial. Apesar dos bons resultados nos testes pela Williams e McLaren, era arriscado para as grandes equipes contratarem um jovem como piloto titular. Senna conversou com a Lotus, equipe mediana da época, mas a única proposta oficial veio da pequena equipe Toleman, que abriu as portas para o brilhante início do futuro tricampeão na categoria.
Ayrton Senna estreou em 25 de março de 1984, no Grande Prêmio do Brasil, no extinto circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Senna queria fazer uma grande corrida no seu país, mas abandonou na oitava volta por uma falha no motor. No entanto, na segunda corrida, na África do Sul, chegou em sexto e marcou seu primeiro ponto na F1. Era o primeiro de 614 que viriam. Na sua primeira temporada na categoria máxima do automobilismo, Senna terminou o campeonato na nona posição, com 13 pontos. Seu melhor resultado foi um segundo lugar no Grande Prêmio de Mônaco. Jornalistas que acompanhavam a Fórmula 1 na época dizem que Senna só não venceu porque a corrida foi interrompida pela forte chuva. Naquela corrida, Senna demonstrou toda a sua habilidade na chuva e em dirigir em alta velocidade nas ruas estreitas de Mônaco. Anos mais tarde, Senna seria considerado o “Rei de Mônaco”, com seis vitórias em dez corridas disputadas.
No seu segundo ano na Fórmula 1, Senna deixou a Toleman e assinou contrato com a Lotus, onde correu por três anos. A nova equipe lhe permitiu brigar pelas primeiras posições e por vitórias. A primeira vitória de Senna na Fórmula 1 veio no dia 21 de abril de 1985, no Grande Prêmio de Portugal. Chovia bastante e Senna mostrou novamente toda a sua habilidade na pista molhada. A corrida foi interrompida quando havia apenas nove carros na pista, sendo Ayrton o primeiro. Senna conseguiu bons resultados na Lotus, mas ele precisava ir para uma equipe maior para ser campeão de Fórmula 1. Na época, os melhores carros eram McLaren e Willams, com a Ferrari um pouco atrás. As portas da McLaren se abriram para Senna e ele não pensou duas vezes. McLaren e Lotus usavam o mesmo motor, Honda, o que facilitou a negociação. Durante os anos pilotando para a Toleman e Lotus, Senna não teve difi culdade para vencer seus companheiros de equipe. O brasileiro sempre foi o principal piloto da equipe, fato este que mudaria na McLaren.
MEMÓRIA
A nova equipe de Senna contava com um piloto bicampeão mundial de Fórmula 1, o francês Alain Prost. No time inglês, o brasileiro venceu os três campeonatos mundiais da carreira, ganhos nas temporadas de 1988, 1990 e 1991. Na Fórmula 1, é normal as equipes melhorarem ou piorarem de um ano para outro. As regras, a aerodinâmica, os motores, a mecânica e a parte elétrica mudam constantemente, o que torna difícil para uma equipe manter a hegemonia por muito tempo. Em 1992, a Willams tinha um carro bastante superior e Senna não conseguiu defender seu título. Apesar disso, conseguiu três vitórias. Em uma delas, em Mônaco, se defendeu de Mansell por várias voltas. Em 1993, depois de ficar um ano longe da Fórmula 1, Alain Prost volta para substituir Nigel Mansell, que havia anunciado aposentadoria depois de ser campeão (ele voltaria para correr algumas corridas em 1994 e 1995). Senna até que conseguiu vencer cinco corridas, mas Prost venceu sete e foi campeão. Uma das vitórias de Senna foi no GP da Europa, em Donington, na Inglaterra, quando ele fez a considerada melhor primeira volta da história. Senna queria ser campeão novamente e sabia que na McLaren não teria mais chances. Depois de vencer seu quarto título, Prost anunciou aposentadoria, o que abriu caminho para Senna na Willams.
No time inglês, o brasileiro venceu os três campeonatos mundiais da carreira, ganhos nas temporadas de 1988, 1990 e 1991.
Apesar de largar na frente nas duas primeiras corridas, Senna teve problemas no carro e abandonou em ambas. O vencedor das duas corridas foi Michael Schumacher. No final de abril, a Fórmula 1 chegou ao circuito de Ímola, em San Marino, para a terceira etapa do campeonato. Este Grande Prêmio ficaria marcado como o mais trágico da história da categoria. Na Fórmula 1, os treinos-livres acontecem na sexta-feira, o classificatório no sábado e a corrida no domingo. Na sexta-feira, o piloto brasileiro Rubens Barrichello, que na época estava começando a carreira, sofreu um grave acidente e teve que ser hospitalizado com uma fratura no nariz e algumas escoriações. No sábado, o austríaco Roland Ratzenberger também sofreu um forte acidente, mas não teve a mesma sorte de Barrichello. Ratzenberger morreu na hora, aos 33 anos. Ayrton Senna se reuniu com alguns pilotos para exigir mais segurança para a corrida e, inclusive, cogitou a possibilidade de não participar da etapa. No entanto, pilotos e diretores chegaram a um acordo para a corrida acontecer. Senna liderava a corrida, com Schumacher logo atrás. Na sexta volta, uma quebra na barra de direção fez Senna perder o controle do carro quando passava pela curva Tamburello e chocou-se com uma mureta de proteção a quase 300 km/h. Com a batida, uma das rodas atingiu o capacete do piloto, afundando parte do seu crânio. O ídolo brasileiro foi levado para o hospital de helicóptero, mas não resistiu aos ferimentos. O velório de Ayrton Senna aconteceu em 5 de maio de 1994, em São Paulo, e durou 22 horas. O cortejo foi acompanhado por cerca de 240 mil pessoas e teve transmissão ao vivo na televisão. O caixão de Senna foi carregado pelos pilotos Emerson Fittipaldi, Gerhard Berger, Alain Prost, Rubens Barrichello, Christian Fittipaldi, Thierry Boutsen, Jackie Stewart, Raul Boesel, Roberto Moreno, Michele Alboreto, Johnny Herbert, Pedro Lamy, Wilson Fittipaldi e Damon Hill.
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