Taubaté e região registram aumento no diagnóstico de autismo em escolas

De acordo com os dados do Censo Escolar, o número de crianças diagnosticadas com transtorno do espectro autista (TEA) cresceu de forma significativa entre 2023 e 2024 nas principais cidades do Vale do Paraíba e do Litoral Norte. Em São José dos Campos, por exemplo, o número de alunos com TEA passou de 2.284 para 3.171, um aumento de 38,84%. Jacareí teve alta de 41,40%, enquanto Taubaté registrou crescimento de 36,36%. No Litoral, Ubatuba teve o maior avanço percentual, com aumento de 48,10%, seguida por São Sebastião (35,10%), Caraguatatuba (27,50%) e Ilhabela (25,55%).

Segundo a Dra. Elisabeth Crepaldi de Almeida, fonoaudióloga, doutora em educação e fundadora do Centro de Autismo Interclínicas, esse aumento pode estar ligado à maior atenção das escolas e famílias para os sinais do transtorno. “O crescimento dos diagnósticos não signifi ca que há mais crianças com TEA, mas sim que estamos aprendendo a observar melhor. A escola tem papel essencial nesse processo, pois é onde muitas crianças passam boa parte do dia e onde os primeiros sinais podem ser identificados com mais clareza”. A especialista afirma que é importante que educadores, psicólogos e demais profissionais colaborem para entender como a criança reage a diferentes estímulos. “O ambiente escolar, quando estruturado com base em estratégias da análise do comportamento, pode ajudar no desenvolvimento social, acadêmico e emocional da criança com TEA. Ao observarmos com atenção os comportamentos e usarmos reforços positivos e sistemas visuais, conseguimos ajudar a criança a lidar com a rotina escolar, reduzir a ansiedade e melhorar sua participação nas atividades. Tudo isso contribui para que ela se sinta mais segura e consiga aprender de forma mais efetiva”, explica.

Os educadores precisam receber capacitações práticas sobre reforço positivo, modelagem de comportamentos e ensino estruturado. “Além do espaço físico adequado, os profi ssionais que atuam diretamente com os alunos precisam de preparo contínuo para lidar com os desafi os específi cos do espectro autista. Muitas vezes, a formação inicial não dá conta da complexidade das situações. Os professores precisam entender como agir diante de uma crise, como ensinar habilidades sociais de forma planejada e como ajustar suas estratégias para cada aluno, sempre respeitando o ritmo e as necessidades individuais”, destaca.

A analista do comportamento aponta que a observação precisa considerar três aspectos: o que acontece antes, o comportamento em si e as consequências que ele gera. “Para favorecer o desenvolvimento da criança, o olhar atento sobre seu comportamento é indispensável. Esse modelo, chamado de ABC, permite entender se a criança está reagindo a um estímulo sensorial, se está buscando se comunicar ou se precisa de ajuda para se autorregular. Com essa análise, conseguimos montar um plano de ação mais assertivo e humano, respeitando quem ela é e o que precisa naquele momento”.

A parceria entre escola e família também é importante para a inclusão e o desenvolvimento da criança com autismo. A Dra. Elisabeth Crepaldi de Almeida ressalta que essa união precisa ter estratégias alinhadas. “Quando a escola e a família falam a mesma linguagem, com objetivos em comum, a criança se sente mais acolhida e compreendida. Isso faz toda a diferença no progresso dela. Não basta incluir, é preciso garantir um ambiente que promova o aprendizado, a autonomia e o bem-estar dentro e fora da escola”, completa a especialista.


Descubra mais sobre Voz do Vale Online

Assine para receber os posts mais recentes por e-mail.


Mais imagens

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *